O 11 de junho nos remete à rememoração da Batalha Naval do Riachuelo, de importância estratégica e tática incontestável, e que nos convida a refletir sobre os valores e os personagens emblemáticos da nossa História Naval. Essa evocação anual nos apresenta marinheiros cujo exemplo deve servir de inspiração e guia — e, sobretudo, fortalece nossa identidade como militares da Marinha, orgulhosos de nossa herança e comprometidos com seu legado.
Revela, também, sacrifícios pessoais e fragilidades materiais superadas com dedicação e criatividade — lições valiosas que, tenho plena certeza, foram destacadas com notável clareza, inteligência e cultura naval na alocução do Almirante de Esquadra Mello, cuja honrosa participação muito agradecemos.
O aniversário do Clube Naval, fundado em 12 de abril de 1884, é intencionalmente comemorado nesta data — o Dia da Marinha — como forma de reafirmar sua indissolúvel, leal e histórica vinculação com a Marinha do Brasil. Esse vínculo institucional se expressa de maneira particularmente significativa nesta Sessão Magna, à qual a presença do Comandante da Marinha confere especial relevo.
Esta Sessão Magna destina-se, também, a empossar os integrantes do Conselho Diretor, do Conselho Fiscal e da Diretoria que assumem a gestão da nossa instituição, destacando que a Presidência do Clube Naval será exercida pelo Almirante de Esquadra (FN) Alexandre José Barreto de Mattos, eleito em Assembleia Geral Ordinária realizada no último dia 7 de maio.
Da minha parte, como Comandante que conclui sua singradura à frente do Clube Naval, cabe um breve relato sobre este último ano de gestão. Conforme previsto em nosso Estatuto, farei, no próximo mês, uma apresentação formal ao Conselho Diretor, com um panorama mais completo da administração realizada, incluindo dados consolidados, informações pormenorizadas e demonstrativos financeiros.
Posso afirmar, com serenidade, que minha Diretoria teve sempre como farol o atendimento aos sócios e seus dependentes, no nível e na intensidade desejados. Procuramos ouvir suas aspirações, acolher críticas e contribuições, e contar com sua participação ativa na construção das soluções. Nessa travessia, adotamos rumos e ações orientados pela busca de continuidade institucional, pelo aprimoramento dos procedimentos administrativos e por uma gestão financeira eficaz, segura e tecnicamente responsável.
As melhorias foram sendo gradualmente implementadas com a necessária observância ao orçamento aprovado, sempre guiadas por uma visão realista: nossa principal fonte de receita provém das mensalidades dos sócios. Nesse contexto, foi motivo de preocupação constante a redução do nosso Corpo Social. Acompanhamos atentamente a correlação entre a redução das receitas — decorrente de desligamentos ou outras causas — e o ingresso de novos associados. Como medida de estímulo, realizamos palestras semestrais na Escola Naval e no Centro de Instrução Almirante Wandenkolk, principais fontes de captação, com o objetivo de motivar os futuros oficiais a integrarem o Clube Naval desde o início de suas trajetórias profissionais.
Registro, ainda, meu agradecimento a todos os integrantes da Diretoria, pela dedicação, pelo profissionalismo e pela eficácia com que desempenharam suas atribuições ao longo deste período. Tendo já expressado meus agradecimentos em correspondência individual, cumpre-me, neste momento, destacar a atuação dos Vice-Presidentes, Almirantes Liseo e Inoi, cujos desempenhos transcenderam, de forma inequívoca, os limites de seus deveres estatutários. Tornaram-se, ao longo da gestão, conselheiros permanentes, incentivadores atentos e colaboradores incansáveis — sempre propondo iniciativas e ajustes voltados à melhoria contínua dos serviços prestados aos associados.
É igualmente necessário destacar o trabalho atento, minucioso e tecnicamente qualificado do Conselho Fiscal, sob a liderança do Almirante Menezes. Sua atuação constituiu parte essencial do nosso processo de acompanhamento do orçamento, iniciado nos Conselhos Econômicos dos Departamentos, passando pelas Sessões da Diretoria e culminando nas deliberações dos Conselhos Fiscal e Diretor. Cumpre destacar, ainda, a atuação do Conselho Diretor, que teve, neste último biênio, o Almirante Alexandre — presidente eleito do Clube Naval — à frente de seu timão. A ele, e aos demais conselheiros, registro um agradecimento especial, não apenas pela atuação correta e comprometida no desempenho das atribuições estatutárias, mas também pela constante demonstração de dedicação plena e irrestrita ao nosso Clube.
Após a definição de sua candidatura como única, procurei integrá-lo às discussões e decisões relativas a temas relevantes, cujas consequências se estenderiam ao início de sua gestão. Independentemente disso, ao longo destes dois anos de convivência, fui — e, por consequência, o Clube também foi — beneficiado por sua ponderação, inteligência, respeito aos nossos valores e tradições, e pela rigorosa observância dos fundamentos legais e estatutários que norteiam nossas decisões. É essa postura que me dá plena
convicção de que sua administração deixará um marco de excelência na história do Clube Naval.
Este ano, retomaremos com satisfação a realização do tradicional Baile de Gala, que ocorrerá após esta Sessão Magna, marcando o reencontro festivo entre os sócios e seus convidados — uma confraternização que esteve suspensa nos últimos anos em razão da pandemia de COVID-19 e, mais recentemente, do grave desastre ambiental ocorrido no Rio Grande do Sul.
Cabe, ainda, registrar a participação do Clube Naval na Comissão Interclubes Militares, experiência que me foi particularmente gratificante pela convivência marcada pela amizade, cooperação, espírito de corpo e dedicação dos presidentes do Clube de Aeronáutica, Brigadeiro Perez, e do Clube Militar, General Sérgio — cujas presenças, nesta Sessão Magna, muito nos distinguem.
Ao longo desse período, pautamos nossa atuação na Comissão com o firme propósito de representar, com equilíbrio e responsabilidade, os interesses e valores que são caros aos militares veteranos. Procuramos sempre defender nossa história, nossas realizações e nossas convicções, apresentando, de forma respeitosa e devidamente fundamentada, posicionamentos sobre os principais temas de interesse para as Forças Armadas e para o País.
Passo, portanto, hoje, o cargo de Presidente do Clube Naval com a consciência tranquila de ter feito o que me foi possível — ainda que ciente de que nem tudo o que era desejável pôde ser realizado. Faço-o, no entanto, com plena confiança de que esta centenária instituição estará, a partir de agora, sob o comando seguro e experiente do Almirante Alexandre, que, ao lado de sua Diretoria, assume hoje a manobra, pronto para conduzir o Clube rumo a um futuro promissor, repleto de realizações e sustentado por seus valores permanentes.
Viva o Clube Naval e a Invicta Marinha de Tamandaré, Barroso, Greenhalgh e Marcílio Dias!